Disparatada: Sexo anal derruba o capital
Por Tiago Duque* em 13/10/2011 às 13h25
Foi o tempo em que palavras de ordem do tipo “sexo anal derruba o
capital” eram proferidas em atos do então movimento homossexual
brasileiro. Do final da década de 1970 até os dias atuais, muitas coisas
mudaram no cenário da diversidade sexual em nosso país. Hoje, antes de
voltarmos a fazer alusões ao poder revolucionário das práticas sexuais
anais, há de se problematizar o quanto elas também já foram engolidas
pelo mercado, afinal, o que não tem sido mediado pelo dinheiro? Por
exemplo, como a tendência geral do capital é valorizar algo que possa
ser vendido aparentemente como novo, bom, limpo e saudável, em várias
situações o ânus tem se tornado cada vez mais o contrário do que parece:
sujo, feio, usado e anti-higiênico.
Escrever sobre essa parte do corpo e o que aprendemos a fazer com ela
ao longo do tempo me parece necessário na lógica que poucos tem
defendido: precisamos re-politizar o cu. Então, porque não o pensamos
como alternativa para desestabilizar a falsa naturalidade da diferença
sexual baseada no reconhecimento de apenas dois sexos diferentes,
opostos e complementares (hetero-centrados) chamados de pênis e vagina?
Nessa lógica, o mais importante é não sermos ingênuos em acreditarmos
que sexo anal seja por excelência uma prática gay. Não, pelo contrário.
Não existe nada menos identitário e mais democrático do que o prazer
proporcionado por traz. O desejo anal não cabe em nossas limitações
classificatórias, ainda que seja estrategicamente alocado pelo discurso
conservador como sendo algo não adequado aos homens heterossexuais. É
preciso libertar a heterossexualidade masculina do medo de curtir o que
tem se compreendido como não sendo coisa de homem. As mulheres também
precisam deixar de lado a idéia de que esta experiência não combina com o
casamento ou as mais valorizadas experiências de feminilidades.
Por isso, acho válida a proposta da filósofa queer Beatriz Preciado.
Para ela é preciso pensar em uma sociedade anal-centrica! A idéia é nos
unir enquanto diferentes por aquilo que temos em comum, o ânus. Com isso
experimentaríamos as relações de gênero e sexualidade fora dos atuais
marcadores hierárquicos. Porque, na lógica hegemônica na qual vivemos
mergulhados, aqueles que têm pênis e o usa, diz usar ou deseja fazê-lo
de forma penetrativa diante de uma vagina têm sido alocados nos mais
altos postos morais, criando assim relações assimétricas e desiguais.
Esta reviravolta em nossos olhares sobre nós mesmos não é tão simples
assim. Porque, caso engajemos em iniciativas para voltar a valorizá-lo
teremos que nos cuidar para não investirmos nas práticas de vaginização
do mesmo, como tem sido corrente quando este é mais desejado por não ter
pêlos, estar sempre apertado e cheiroso, quase virginal.
Também temos que nos cuidar para, via discursos sanitaristas, não
acreditarmos que o sexo anal seja sempre mais vulnerável do que o
chamado “reprodutivo”, isto é, aquele não ingenuamente identificado como
“papai e mamãe”. Criar ou manter novas experiências sexuais com o ânus
não é contra-indicado, pelo contrário, para muitos, não vivenciar estas
experiências é que pode ser prejudicial à saúde. Mas, ao tocarmos nesta
prática, não podemos nos referir somente a uma dimensão pênis-ânus,
antes a uma multiplicidade de possibilidades, seja envolvendo outras
partes do nosso corpo ou de outros corpos como também de usos criativos
dos objetos ao nosso redor.
Um amigo me contou uma história que logo pensei em o quanto, por mais
que tentem controlar os usos anais, eles nunca serão totalmente
dominados. Ele, ao ser barrado por diversas vezes na porta giratória de
um banco, foi convidado pelo segurança a abrir a mochila, tirar todos os
seus pertences e mostrar aos funcionários. Ficou irritado e, dentre
seus pertences pessoais inofensivos, sacou um enorme pênis de borracha.
Como em um ato heróico, empunhou e levantou o membro rígido e bradou:
“Só tenho isso aqui! Querem pegar?” Na seqüência, como por um milagre,
as portas giraram e ele pode entrar para pagar as suas contas. “Não, não
senhor. Por favor, guarde os seus pertences”, foram as palavras do
segurança que tremia e suava frio diante das inimagináveis
possibilidades de uso de tal objeto. Risos e espanto se multiplicaram na
fila formada pelas pessoas que esperavam o impasse ser resolvido para
também passarem pela porta.
Usar da vergonha e do escândalo que felizmente resistem em se manter
vinculadas às práticas anais não tem sido possível somente em atos de
indivíduos isolados. Há situações coletivas de deboche via alusão às
práticas anais que são verdadeiras armas no enfrentamento ao
conservadorismo e a falsa moralidade. Lá na Universidade Federal
Fluminense, por exemplo, há algumas semanas o nobre debutado Jair
Bolsonaro foi impedido de sair de carro via o fluxo normal da rua devido
ao protesto de dezenas de estudantes contra a sua já conhecida postura
preconceituosa diante de vários temas como o racismo, feminismo e a
diversidade sexual. Em meio a palavras de ordem, ouviu-se: “Dá ré
Bolsonaro!” e “Sai de ré Bolsonaro!”. Milhares de pessoas já acessaram
as imagens do corajoso ato dos estudantes no site youtube.
Com esta reflexão não quero incentivar o sexo anal, porque ele não
precisa de incentivo, pois sabemos que apesar da perseguição moral que
ainda sofre, multidões o pratica. Mas, pensar sobre seu potencial
político e salvá-lo de certas normatizações se faz necessário, lembrando
que, como tantas outras coisas na vida, não é o ato em si que é
revolucionário, mas a forma de executá-lo. Assim, a despeito das
resistências individuais ou coletivas, cada vez mais o sexo anal tem
deixado de ser asqueroso para ser normal. E, com isso, a nossa força
política tem sido cada vez mais respeitável e menos transformadora.
*Tiago Duque é sociólogo e tem experiência como educador em
diferentes áreas, desde a formação de professores à educação social de
rua. Milita no Identidade - Grupo de Luta Pela Diversidade Sexual. Gosta
de pensar e agir com quem quer fazer algo de novo, em busca de um outro
mundo possível.
Curioso este outro mundo possível, talvez o dos egressos de algum manicômio, aonde tomar no cu, literalmente, representa alguma vantagem.
ResponderExcluirÉ preocupante a humanidade chegar em pleno século XXI e se maravilhar com um órgão, cujo a única finalidade é excretar. A necessidade de impor à toda a sociedade uma prática, que só deveria ser do conhecimento de quem a pratica, é no mínimo surreal. O vazio existencial, moral e intelectual do ser humano é capaz de produzir as maiores bizarrices e imbecilidades. Quando pessoas medíocres e inúteis são incapazes de reconhecer sua insignificância, são obrigadas a impor seu modo de viver e pensar, para que se sintam relevantes e superiores. O que será que passa na cabeça de quem escreveu esse texto? Será que a criatura acha que tem o direito de impor aos outros o que devem gostar e praticar, ridicularizando-as de forma ignorante e preconceituosa? Qual o benefício de um texto como esse? Será que não há coisas mais importantes a serem discutidas? Se a incapacidade de defecar seres humanos não evita a existência de indivíduos como este, imagine então se parir com o ânus fosse possível!
ResponderExcluirE ainda dizem que esse mundo tem jeito,que um dia chegaremos lá não sei onde,pensando com cu em cu não vamos a lugar nenhum.
ResponderExcluirA razão ao extremo chega-se ao niilismo relativista. isto que o racionalismo iluminista trouxe junto do estado laico, a destruição dos costumes e conservadorismo da sociedade cristã, e a vinda da anarquia.
ResponderExcluirA maçonaria judaica, conseguiu desmantelar a sociedade cristã. os idiotas úteis cristãos, caíram no discurso dos pseudo filósofos judeus (Herbert Marcuse, Theodore Adorno ETC.) A contra cultura dos anos 60, foi o aríete do judeus para por de joelhos o povo cristão e destruí-lo por completo.
Eis aí, o início da NOVA ORDEM MUNDIAL.
CARTA DO RABINO BARUCH LÉVY A KARL MARX EM 1848:
"O povo judeu na sua totalidade será ele mesmo o seu próprio Messias. O seu reino sobre o universo realizar-se-á pela unificação das outras raças, eliminação das monarquias e das fronteiras que são a proteção do particularismo, e pelo estabelecimento de uma república universal que reconhecerá em toda a parte os direitos de cidadania dos judeus. Nesta nova organização da humanidade, os filhos de Israel disseminados atualmente sobre toda a superfície da terra, todos da mesma raça e de igual formação tradicional, conseguirão, sem grande oposição, constituir o elemento dirigente em toda a parte e de tudo, se conseguirem impôr a direção judaica às massas operárias. Assim, pela vitória do proletariado, os governos de todas as nações passarão para as mãos dos israelitas por intermédio da realização da República universal. A propriedade individual poderá então ser suprimida pelos governantes de raça judaica que então poderão administrar em todo o lado as riquezas dos povos. E assim realizar-se-á a promessa do Talmud de que quando chegarem os tempos messiânicos, os judeus terão sob controlo os bens de todos os povos da terra".
FONTE: "Revue de Paris", 1º de Junho de 1928, pág. 57